terça-feira, 10 de abril de 2012

2010 – Revivendo



            Minha situação pessoal continuava nas piores, não havia outra forma a não ser um tratamento em uma comunidade terapêutica de no mínimo 6 meses, no começo do ano minha mãe visitou algumas em campo grande, mas eu não queria, ela sabia que se eu não tivesse vontade pessoal não iria ter efeito.
           Em abril ela me disse que tinham indicado a comunidade Reviver na cidade de Camboriú / Santa Catarina, quando ela me disse senti vontade de mudar minha vida, tinha que esperar um mês para poder ir, na semana de eu ir, a pessoa que ficou em tratamento na comunidade veio em minha casa explicar sobre o lugar e o tratamento. Quando ele estava vendo minhas coisas, viu que eu era piloto, então ele me disse que o dono da comunidade Sr. Cordeiro também trabalhava com automobilismo, foi algo que me motivou muito, ele falou que eu poderia ir para a oficina trabalhar e quem sabe até voltar a correr.
          Cheguei a comunidade e comecei a desenvolver o tratamento, seriam 6 meses, com tarefas com base no sistema minessota, reuniões espiritualizadas, laborterapia pela manha em diversas áreas como limpeza das casas, jardinagem, horta, gado, canil, cozinha, marcenaria, oficina, construção civil, lavanderia e serviços gerais, também aprenderia sobre o NA – narcóticos anônimos, atendimento psicológico, lazer com academia e campo de futebol.
          Passei pelo psiquiatra e ele não receitou medicamentos, ele me disse que quando se ve a necessidade não é recomendado. Durante 4 meses passei por algumas laborterapias como jardinagem, limpeza das casas, horta e cozinha. Em conversas com Sr. Cordeiro ele me disse que haveria possibilidade de eu voltar a pilotar, isso só dependia de mim. Foi quando eu fui colocado para fazer labor na oficina, comecei lavando os carros de corrida, fazendo a limpeza da oficina e preparando as peças para pintura.
          Estava muito bem, aprendendo bastante sobre mim, sobre ser um adicto, estava desenvolvendo uma força que jamais havia sentido antes. Em conversa com ele, falei que tinha um fusca de speed parado em Campo Grande, certo dia ele recebeu a noticia da Federação Catarinense que estava sendo criada uma categoria a TCC que poderia correr fuscas speed, brasilia e chevete, ele ficou bastante animado e perguntou se eu não queria trazer ele para cá, haveria alguns custos, conversei com minha mãe e ele topou rachar os gastos. Estava muito motivado, com muita vontade na vida, agora era algo real, algo que estaria acontecendo.
          O fusca chegou à comunidade, nas horas de lazer comecei a fazer a revisão nele, daria tempo de fazer a ultima etapa do campeonato. Precisava de um motor, conversei com meu preparador o Totti, ele tinha um motor que poderia ser vendido, viajei para londrina e trouxe de ônibus o motor embalado. Faltando algumas semanas para a corrida o fusca estava pronto e funcionando.



       

                A corrida seria na cidade de Ascurra distante 60 km de Camboriu, estava muito nervoso, fazia muito tempo que não entrava nas pistas, o pessoal da FAUESC e os pilotos foram muito acolhedores, todos sabiam da minha situação e me deram muita força. Nos treinos foi pegando o ritmo aos poucos, me adptando a tocada de terra novamente, já tinha pilotado na terra, mas as pistas em SC são diferentes, tem mais grip e se parecem mais com o asfalto. Na tomada de tempo estava rápido e disputando a pole, fiquei com o segundo lugar, estava bem contente, Sr. Cordeiro e a equipe estavam bastante satisfeitos. Antes da largada meu coração parecia sair pela boca, larguei e na primeira curva assumi a liderança, mantive um ritmo forte e fui abrindo do segundo lugar, ganhei a primeira bateria, comemorei muito, chorei muito, estava muito feliz. Na segunda bateria larguei em primeiro, abri um pouco do segundo, mative um ritmo, resolvi poupar equipamento, faltando algumas voltas ele encostou, poderia abrir caminho e chegar em segundo para garantir o primeiro lugar no pódio, foi o que fiz, terminei em segundo e no geral fui o campeão da etapa.



          Teria mais uma chance para eu correr naquele ano, a equipe estava com um carro para disputar o catarinense de marcas B, nunca tinha andando de tração dianteira, era uma tocada muito diferente, resolvemos disputar a ultima etapa que também aconteceria em Ascurra. Chegamos a etapa , nos treinos tive muita dificuldade na tocada, era muito diferente, mas aos poucos fui me adaptando, na tomada de tempo fiz o 6º tempo, seria desta vez uma única corrida, na largada fui para a 4ª colocação e me mantive na cola do 3º, após algumas voltas escapei, mas sem nenhuma avaria, voltei e terminei as voltas, ficando em 4º, fiquei feliz com a experiência, foi algo totalmente novo.




       

              O ano chegou ao fim, terminei meu tratamento, estava muito bem comigo mesmo, trabalhando com algo que eu amo, minha família estava em paz, eu só tinha que agradecer a Deus.


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