sábado, 28 de janeiro de 2012

2002 - Fórmula Renault Brasil - A vitória da política sobre o esporte.

Fórmula Renault Brasil


              O ano começou e eu estava muito feliz com a minha melhor atuação da minha carreira no Automobilismo. Mas era preciso deixar as comemorações de lado e começar a trabalhar. Este ano iria estreiar a Fórmula Renault Brasil, uma categoria organizada pelo ex piloto de F1 Pedro Paulo Diniz, uma excelente categoria, com carros totalmente novos, transmissao ao vivo pela band, algo inédito no Automobilismo Brasileiro, tinha outros atrativos também, o Campeão ganhava uma Temporada na Fórmula Renault Italiana.
               Então fomos a luta, meu pai preparou toda a papelada do projeto para ser encaminhado na Fundesporte. Surgiu a notícia de que somente o meu projeto iria ser aprovado, a verba do governo estava curta e eles só poderiam apoiar um piloto do automobilismo, e como eu fui eleito por eles o melhor piloto do ano anterior nada mais justo. Mas esta notícia não veio somente para mim, ela foi para outros pilotos, eles buscaram meios politicos, ai a corda arrebenta do lado mais fraco, um presidente de camara aqui, um senador ali, então fizeram pressão para que se aprovassem o meu projeto o deles teriam que ser também, e o Governo decidiu que nenhum projeto para o automobilismo seria aprovado, meu projeto foi negado, é claro que o parecer final não foi esse, me falaram que eles não podiam avaliar quem teria o direito de ganhar o patrocínio, mas avaliar o ano anterior quem foi o melhor eles conseguiram, é foi a dura realidade, não tinha outros meios para captar recursos, na época em Mato Grosso do Sul não haviam empresas de nome, então aquele ano tinha acabado para mim, todas as equipes estavam ocupadas.
               Passei o ano pensando sobre minha carreira, buscando as empresas com meu pai, mas era tarde, todas ja tinham fechado seu pacote de marketing no ano anterior, a lei de incentivo estava para mudar no fim do ano, os esportistas estavam para ficar de fora, e as verbas só iriam para as federações, para organizarem os eventos esportivos.
               Era muito triste, mas eu não podia me abalar, estava com minha carreira em ascensão, mas parecia o fim, não via outra solução, para ir nas empresas teria que viajar, nao tinha como custear, o desejo de pilotar continuava, eu queria estar nas pistas, queria trabalhar com carro de corrida, era meu grande talento. Estava parado sem estudar, sem trabalhar, sem correr, precisava agir na minha vida.
               Decidi algo inédito na minha vida, entrei em contato com meu antigo preparador na Hot- Fusca, o Faracco. Conversei com ele que estava interessado em trabalhar na oficina dele, podia começar como lavador de peça, auxiliando na mecanica, pedi um salario de 100 reais por mês, coisa bem simbolica. Fui aprendendo algo novo, como era a mecânica num todo, senti a graxa na mao, o calor do motor, foram alguns meses, até as ferias, algo muito valido, para mim e para minha carreira.

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