quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

2001 - Fórmula Chevrolet - Emoção a flor da pele



Fórmula Chevrolet - Rio de Janeiro



                  O ano começou com muita expectativa, a Brasil Telecom ja tinha confirmado a parceria através da Lei de Incentivo, este ano disputaria a Fórmula Chevrolet, a principal categoria de carro monoposto no Brasil, chassis techspeed, motor 2.0 16v , cambio hewland 5 marchas. A equipe também estava definida era a M4t Racing, chefiada por Miguel Ferreira, eram os atuais Campeões na categoria B. Entramos com o projeto no governo que foi aprovado.
                  Estava em Brasilia para os treinos de pré-temporada, seria a primeira vez que pilotaria um carro da fórmula chevrolet, antes de sair para a pista sr. Miguel me disse : "vai com calma hein menino, isso é um carro de corrida de verdade", estava bastante nervoso. Ao sair para pista pude perceber logo na primeira acelerada que o carro era muito rápido, nas primeiras voltas fui bem cauteloso, conhecendo bem o equipamento, a pista era novidade também, nao teve disputa na fómula junior nela. Depois que estava bem familiarizado com tudo comecei a acelerar mais, a força G lateral era grande, o carrro tinha muito contorno de curva, o volante pesava muito, pois nao tinha direção hidráulica, depois da primeira sessão meu tempo já era razoavél, mas faltava muito ainda. Na segunda sessão me empolguei mais, o tempo começou a baixar, em uma reduzida ultrapassei o giro do motor e acabei quebrando, trocamos o motor e fó poderia andar no dia seguinte. Continuei os treinos e baixei mais o tempo, terminei entre os mais rápidos da minha categoria.


Fórmula Chevrolet - Curitiba


                  Fui para São Paulo para mais 2 dias de treino para a pré-temporada, meus tempos foram muito bons, estava me sentindo muito bem com o carro, tinha muita confiança nele, a cada sessão meu tempo baixava ainda mais, o entrosamento com a equipe estava muito bom, aprendia bastante sobre o carro, o sistema de telemetria, estudava muito meus pontos de freada e de aceleração, terminei em São Paulo como o mais rápido, estava muito feliz com meus resultados. Em Curitiba seria a última cidade da pré-temporada e palco da 1ª etapa em abril, conhecia bem a pista, estava muito confiante com meu desempenho. Curitiba é uma pista muito veloz, exigiria muito de mim. Comecei me acostumando com a pista, na primeira sessão terminei como o mais rápido, na segunda outros concorrentes melhoraram e terminei em 3º. Para o último dia, buscamos um novo acerto, o carro ficou melhor, consegui acertar os pontos errados, virei uma volta muito boa, próxima da melhor pole position do ano anterior. Terminei a pré-temporada como um grande nome para o título daquele ano.


Primeira vitória

                    Estava tudo pronto para o início do campeonato em Curitiba, minha família estava muito apreensiva, o evento era um dos melhores do Automobilismo Brasileiro. Nos treinos meu carro estava muito bem acertado, fui o mais rápido deles, na tomada de tempo me concentrei bastante, fiz umas voltas de aquecimento e coloquei pneus novos, acertei na última volta o tempo de 1:18.941, era o novo recorde da categoria B, fiquei na 3ª colocação no geral ( as categorias A e B andam juntas), foi algo surpreendente para todos. Antes da corrida procurei me concentrar ao máximo, eram 20 carros no grid, eu estava na pole da minha categoria e em 3ª na geral, tive uma boa largada, procurei não me envolver nas disputas da categoria A, mantive a 1ª colocação e abri uma boa vontagem sobre o segundo colocado, um pouco depois da metade da corrida senti a embreagem patinar nas saidas de curva, fiz o contato no rádio com a equipe que me passou para não forçar muito, reduzi o rítmo, a corrida passou de tranquila para tensa, mas graças a Deus terminei na 1ª colocação, minha primeira vitória no Automobilismo, comemorei muito, nunca tinha sentido uma felicidade tão grande, ao abraçar meu pai choramos muito, superamos muitas coisas para chegar naquela vitória.


Vitória na etapa de São Paulo

                  Para a etapa de São Paulo as coisas continuavam indo bem, fui novamente o mais rápido nos treinos e na tomada de tempo conquistei a pole position, larguei em 5º na geral. Para a corrida larguei bem, me mantive em primeiro toda a corrida, teminando em 1º, minha segunda vitória na categoriae em 4º na geral, era o líder do campeonato, apontado como o favorito ao título.
                 Em Brasília aconteceriam as 4ª e 5ª etapas, voltava ao circuito de ínicio, nos treinos estava muito bem, mas desta vez o piloto da casa Zeca Cardoso que era meu amigo já na fórmula Júnior estava muito bem também, a cada treino travávamos a disputa pelo melhor tempo. Na tomada de tempo da 4ª etapa cravei o melhor tempo e na tomada da 5ª etapa, fiz novamente a melhor volta agora estabelecendo o novo recorde do circuito com o tempo de 1:56.890. Na largada da 4ª etapa mantive a primeira colocação, depois de algumas voltas quebrou a 5ª marcha e fiquei sem reta, fui superado por dois competidores, terminado em 3º lugar. Para a largada da 5ª etapa me mantive na primeira colocação, até a metade da corrida fui muito pressionado pelo Zeca, a quarta marcha começou a escapar, o que me obrigava a contornar as curvas de alta velocidade somente com uma mão, acabei perdendo a colocaçao e terminando em 2º lugar. Havia terminado o Tornei Bosch que representava a primeira metade do campeonato, fui o Campeão, meu primeiro título brasileiro, fiquei muito feliz, minha família muito satisfeita, meus patrocinadores me elogiaram muito, minha equipe, todos que haviam me apoiado.


Acidente em São Paulo

                   Cheguei em São Paulo para a 6ª etapa, na sexta-feira foi a entrega dos troféus de Campeões e Vice do Torneio Bosch, estava presente toda minha familia, um momento de muita felicidade. Nos treinos a equipe testou algumas modificações, o carro ficou rápido e terminei os treinos como o mais rápido. Para a tomada de tempo meu carro apresentou problema e me classifiquei em 4º lugar. Para a corrida precisava fazer uma corrida de recuperação, larguei bem e fui buscando colocações, na 6ª volta estava na cola do 1ª colocado, contornei o S do Senna e na entrada da reta oposta coloquei do lado para fazer a ultrapassagem, quando estava lado a lado ele jogou o carro para cima, afastei o meu até chegar na grama, nao tirei o pé, ele jogou o carro novamente e tocamos roda com roda, meu carro foi lançado para o guard rail e meu carro capotou por 200 metros, fiquei desacordado até chegar no ambulatório, quando acordei achava que estava em goiânia, quando recordei meus sentidos lembrei de tudo, logo os médicos fizeram exames de sensibilidade nos pés, estava sentindo tudo, foi um grande alívio, percebi uma dor no pulso e tornozelo, fui levado para o hospital ainda havia suspeita de traumatismo craniano pois meu capacete tinha rachado, fiz todos os exames e nada foi constatado graças a Deus, quando estava no quarto minha namorada me ligou, tinha saido no fantastico, pronto estava famoso, durmi e pela manhã fui liberado.
                    Ao chegar em Campo Grande começava a batalha, não tinha mais um carro para correr e talvez não teria condições fisicas para correr na próxima etapa pois só tinham 20 dias para a corrida do Rio de Janeiro. O problema do carro foi resolvido, o filho do chefe da minha equipe o Mauricio (Full Time) que tambem tinha uma equipe na Fórmula Chevrolet vendeu um, mas o grande problema era ter condições fisicas para competir, os médicos de Campo Grande me falaram que eu precisava ficar 30 dias com o gesso e depois começar mais 15 dias de fisioterapia, era impossível diputar a próxima etapa. Então meu pai deixou nas minhas mãos, em momento algum ele me obrigou a nada, decidi tirar o gesso uma semana antes da corrida e fazer uma fisioterapia rápida até viajar para o Rio, eu me lembro que na viagem de carro fui fazendo compressas quente e fria. A dor no pulso encomodava e nao conseguia pisar no chao, o tornozelo não era tanto problemático pois era o esquerdo, eu só usava na largada, mas o pulso era o direito e usava para as trocas de marcha. Minha vontade de vencer e estar nas pistas superava toda a dor que eu estava sentindo.


Comemorando a vitória no Rio de Janeiro

                  No Rio de Janeiro muitos vieram me dar força, quando sai para os treinos estranhei muito o carro novo, estava ainda muito recente, meu psicológico ainda estava abalado, doía muito para passar as marchas, acabei me acostumando e comecei a virar rápido, terminei os treinos entre os 3 primeiros. Para a Tomada de Tempo fiz o 3º tempo. Para a corrida estava muito nervoso, procurei me concentrar ao máximo, não larguei bem, não tinha apoio no pé da embreagem, perdi algumas posições, antes da primeira curva me bateu uma total insegurança, não conseguia reagir, acabei perdendo o ponto de freiada e encostei no no carro do meu companheiro de equipe, nada aconteceu e continuei a corrida, estava em 6º lugar com um ritmo muito fraco, depois de 3 voltas comecei a reagir e voltar a confiança, uma força divina me tomou de uma forma que não sei explicar, fui passando os competidores até ficar em 3º atrás do 2º que era o piloto que havia me tirado, o líder quebrou e o pace car entrou na pista, agora estava em 2º e diputaria novamente a liderança com ele, a força nao me deixou e continuei firme, relargamos, agora estava estudando uma boa hora para a ultrapassagem, pois sabia que ele nao jogava limpo, fiz a ultrapassagem na reta principal sem problemas desta vez, faltavam 5 voltas, quando a placa de última volta apareceu meu coração foi na boca, fiz ela impecável, quando entrei na reta para a bandeirada minha emoção era tanta que comemorei e equeci de passar a marcha, bateu o limitador de giro e passei a marcha, o segundo colocado chegou a colocar do lado mas eu passei a 0.032 de diferença para ele. A emoção tomou conta de mim, nunca comemorei tanto uma vitória como aquela, chorava muito, venci algo muito importante na minha vida, essa força me ajuda até hoje, em momentos dificeis ela me guia.



Buscando um acerto em Goiânia


                   Fui para Goiânia, a pista estava muito ruim, era para corrermos em Campo Grande, a pista tinha acabado de estrear, mas o calendário já estava definido, não me acertei e terminei em 3º lugar. Na etapa do Rio de Janeiro novamente, não tive um bom desempenho e terminei novamente em 3º lugar. Em Curitiba, não estava indo bem, então meu pai se reuniu comigo e tivemos uma boa conversa, estava passando por uma fase ruim, não conseguia bons acertos no carro, na corrida meu carro quebrou e eu não somei pontos. Para a etapa de Londrina era minha última esperança para continuar na briga pelo título, nos treinos fiquei entre os 3 primeiros, estava me sentindo bem na pista. Na corrida vinha em 2º quando um piloto da categoria A saiu da pista por causa da chuva e acabou me atingindo me tirando da corrida, era o fim da briga pelo título, estava em 3º lugar no Campeonato, precisava vencer a última etapa e o lider tinha que fazer apenas 4 pontos.



Vitória na última etapa em SP

                  Chegou a última etapa em São Paulo, eu só podia pensar em vencer. Nos treinos a equipe teve um bom acerto, fui rápido e terminei entre os 3 primeiros. Na tomada de tempo meu carro apresentou um problema e acabei fazendo o 4º tempo. Estava muito decidido para a corrida sabia que tinha um bom carro, o problema foi solucionado, ainda tinha esperanças para o título, corrida só se define na bandeirada, o lider do campeonato iria largar dos boxes para não ter problemas, fiz uma boa largada e comecei a me recuperar, fui para 2º e depois assumi a liderança, venci a corrida, fiquei muito feliz, fiquei com o vice-campeonato, com os descartes 1 ponto atrás do Campeão. Comemorei bastante com minha equipe, minha familia e meus amigos.
                 Em Campo Grande iria acontecer a entrega do prêmio dos melhores esportistas do ano, evento organizado pelo Gorverno de Mato Grosso do Sul, fui eleito o melhor do ano na categoria Automobilismo, a cerimônia foi bem legal.
                Em São Paulo aconteceu a entrega do troféu de Campeão e Vice da temporada, ocorreu tudo bem, a festa foi bonita. Começava agora os preparativos para a próxima temporada, ja sabiamos que a Fórmula Chevrolet deixaria de existir e entraria em cena a Fórmula Renault. Em Campo Grande uma equipe trouxe 3 carros da Fórmula Renault Italiana para pilotos se adaptarem nos carros, estava presentes nomes como Lucas Di Grassi, André Prioste, Pedro Larriera, entre outros. Me adaptei bem ao novo carro, cambio agora era sequencial, diferencial blocante, era uma outra tocada. Tinhamos que esperar o começo do ano para entrar com o projeto no governo para conseguir o bonus, a Brasil telecom confirmou novamente o patrocínio através do bônus.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

3 comentários:

  1. Olá Rafael. Confesso que não lembrava desse grave acidente que você sofreu me 2001, eu já acompanhava as corridas, mas era muito garoto ainda, em tempos em que a internet não tinha a força que tem hoje e as categorias não tinham tanta divulgação. Então, hoje vi o vídeo do seu acidente no site do globo esporte e fiquei impressionado com a cena. Graças a Deus hoje você está aqui, firme e forte, e todas as situações dolorosas com as quais nos deparamos, servem para fortalecer nosso espírito para que ele esteja pronto para desafios ainda mais grandiosos.

    Abraços!

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  2. Eu tbm não lembrava desse acidente , vi hj no ge e procurei saber se vc ainda estava vivo. Cara de sorte vc hein! Acidente espetacular! O que vc faz da vida hj em dia?

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  3. Diego Silva, fiz o mesmo mais de 8 anos depois...kkkk

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